sábado, 20 de fevereiro de 2010

Tripulantes salvos de naufrágio no Rio voltam para casa a partir de domingo

Os 64 sobreviventes do navio Concórdia que naufragou no litoral do estado do Rio, começam a voltar para casa a partir deste domingo (21).

Os alunos e tripulantes do veleiro canadense desembarcaram na capital fluminense na tarde deste sábado (20).

No desembarque, foram recepcionados por autoridades dos consulados do Canadá e dos Estados Unidos.

“O apoio das autoridades brasileiras foi, durante os últimos dias, excelente. Estamos muito contentes de ver essas 64 pessoas aqui no Rio hoje”, explicou Paul Hunt, embaixador canadense.

Segundo o consulado, os tripulantes do navio Concórdia darão entrada em novos documentos junto à Polícia Federal ainda neste sábado, já que perderam os passaportes durante o naufrágio.
'Achamos que não iríamos sobreviver'
 O primeiro navio da marinha brasileira, trazendo 13 pessoas resgatadas, chegou ao Rio pela manhã. À tarde, mais duas embarcações da marinha brasileira trouxeram o restante dos tripulantes do navio, que pertence à uma instituição de ensino canadense.

“Achamos que não iríamos sobreviver”. Foi esse o pensamento das adolescentes Keaton Farwell, Lauren Unsworth, Olivia Aftergood e Katharine Irwin, sobreviventes do naufrágio, ao perceberem a embarcação afundando a 550 km da costa do Rio. As jovens, todas de 16 anos ficaram mais de 38 horas à deriva.
Vento inclinou o navio
De acordo com o relato das estudantes, por volta das 14h15 de quarta-feira (17), uma forte rajada de vento inclinou o navio. Depois de 30 minutos, a embarcação começou a afundar e os passageiros buscaram abrigo em balsas de emergência, amarradas ao navio.
“Estava na parte superior do navio assistindo uma aula de biologia, quando vi o navio virar e as janelas se encherem de água. Na hora, todos nós corremos para buscar coletes e abrigo nas balsas de emergência”, relatou a estudante Keaton Farwell.

Ao relembrarem o episódio, as jovens ficaram emocionadas e contaram que chegaram a beber água da chuva, com medo que ficassem mais tempo no mar, e faltasse água potável e alimentos.

“Durante o tempo que viajávamos no navio aprendemos lições de sobrevivência, mas nessa hora você sempre pensa na vida e na morte. Mas graças a Deus, deu tudo certo”, contaram as jovens.

William Curry, o comandante da embarcação, acredita que o naufráugio tenha sido causado pelo fenômeno climático “microburst”, que segundo ele, seria um forte vento atingindo a parte superior do navio, onde ficam as velas.

“Já sabíamos que o tempo climático estava ruim, com chuvas e ventos, mas acreditávamos que seria mais um dia normal. Esse fenômeno não tem como ser previsto. Sei que muitos navios já se acidentaram por causa dele”, concluiu Curry.
Rádio caiu no mar
O comandante norte-americano disse, ainda, que no momento do naufrágio, o equipamento de rádio caiu no mar e começou a boiar. Mas, o mestre do navio, Goff Byers enfrentou ondas de até três metros e conseguiu recuperar o equipamento.

“A participação dele foi fundamental, porque ele colocou esse sinalizador na balsa, o que facilitou emitirmos um pedido de socorro à Marinha”,explicou o Comandante.

Após o pedido de ajuda, os passageiros do Concórdia ainda ficaram 38 horas a espera de socorro. Um navio mercante japonês, que estava próximo ao local, foi quem garantiu os primeiros socorros. Na quinta-feira (18), a Marinha Brasileira solicitou ajuda de uma aeronave da Força Aérea Brasileira para investigar o acidente.

Além do helicóptero da FAB, uma fragata da Marinha Brasileira e dois navios, ajudaram no resgate dos tripulantes.

Navio-escola
Em setembro do ano passado ele saiu do Canadá com jovens entre 16 e 21 anos de nove países. Passou pelo Reino Unido, Mar Mediterrâneo e África. Cruzou o Atlântico e chegou ao Recife em janeiro. No início de fevereiro, partiu em direção a Montevidéu.
Satélite
As fotos feitas por um satélite meteorológico norte-americano mostram as condições na região na quarta à noite, quando aconteceu o naufrágio. Dois fenômenos podem ter piorado o tempo no local onde o Concórdia passava.

Primeiro uma frente fria vinda do Rio Grande do Sul chegou à região. Ela foi seguida de muito perto pelo que os meteorologistas chamam de sistema de alta pressão.

A frente fria formou as nuvens, o sistema de alta pressão aumentou o vento. As ondas podem ter chegado a três metros de altura. Os ventos fizeram o veleiro virar. Logo depois ele afundou.

Nenhum comentário:

Postar um comentário